Filmes italianos: tudo sobre o cinema da Itália e a sua influência

A Itália é conhecida mundialmente pela gastronomia, por suas paisagens exuberantes e por sua história de gladiadores e conquistas ao longo do império romano. Mas você sabia que o país também é referência quando o assunto é cinema? São inúmeros os filmes italianos que se destacam, dos clássicos aos subgêneros mais ousados.

Neste artigo, contamos tudo sobre os filmes italianos para você e explicamos a influência no cinema mundialmente. Siga a leitura!

Neorrealismo italiano: onde a influência dos filmes italianos começou

Foi nos anos 1940, durante o pós-guerra, que o cinema italiano começou a se destacar. Nesse período, surgiu um movimento cinematográfico chamado de neorrealismo italiano, que mudou para sempre a linguagem audiovisual.

Os filmes italianos, então, representavam de forma realista a vida da classe trabalhadora e do cidadão comum, valorizando as emoções e a preocupação com o declínio da Europa e a devastação pós-guerra. “Roma Cidade Aberta”, de Roberto Rossellini, foi o marco inicial do estilo, sendo considerado o primeiro grande filme produzido na Itália após a queda de Mussolini.

As produções, ao invés de serem gravadas em estúdios e cenários luxuosos, traziam uma forma mais realista de fazer cinema. Os filmes italianos tinham suas captações feitas em locações no interior do país, nas próprias ruas e, muitas vezes, com atores amadores. 

Esteticamente, o estilo de gravação se refletia em narrativas com estruturas mais abertas e um visual quase documental, com improvisos e imagens granuladas.

Os principais filmes e cineastas do neorrealismo foram Rossellini, com a chamada “Trilogia da Guerra”, “Shoeshine” (Sciuscià) e “Ladrões de Bicicleta” – o mais icônico filme do movimento - de Vittorio De Sica e, “Obsessão”, de Luchino Visconti.

A Era de Ouro do cinema italiano

Se no período pós-guerra o cinema era voltado a uma linguagem realista, nos anos 1960 o cinema italiano se caracterizou pela “Era Dourada”. Os filmes italianos que mais marcaram este momento foram os de Federico Fellini, como o famosíssimo “La Dolce Vita” e “Oito e Meio”.

Ainda, se anteriormente Viscoti prezava pela realidade, no período seguinte ele muda totalmente de visão e desenvolve um dos mais opulentos e épicos filmes de todos os tempos: “O Leopardo”, baseado no romance de mesmo nome de Giuseppe Tomasi di Lampedusa.

Além deles, Michelangelo Antonioni também se destaca neste período, mas com uma abordagem mais introspectiva, muito bem representada por “Blow Up ” e “O Eclipse”. 

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Surge um novo subgênero de filmes italianos: o spaghetti western

Assim como o neorrealismo que reinventa a linguagem, os italianos trazem um movimento de cinema popular inspirado nos faroestes americanos com o “spagetthi western”. 

Apesar de ter um início modesto, o subgênero ganhou o mundo com “Por um Punhado de Dólares”, dirigido por Sergio Leone, com trilha sonora de Ennio Morricone e estrelado por Clint Eastwood. Leone também elevou o nível ao seu ápice com “Era Uma Vez no Oeste”.

Os filmes tinham baixo orçamento, apresentando anti-heróis com intenções ocultas, tramas de vingança e paisagens desérticas. Além de Leone, também se destacou o diretor Sergio Corbucci, responsável pelo clássico “Django” - que no futuro ganhou a versão americana de Tarantino, um dos diretores hollywoodianos mais inspirados pelo estilo spagetthi. 

O poliziotteschi traz mais uma reinvenção italiana

Nos anos 1970, os italianos trazem mais uma reinvenção baseada no cinema norte-americano: o poliziotteschi, com filmes italianos policiais. 

Neste período, os filmes policiais focavam nos centros urbanos e toda a sua sujeira, trazendo alto teor político para as narrativas. O subgênero, então, refletia a onda crescente de violência urbana na Itália, com ações da máfia, mas principalmente a luta entre a extrema direita e a esquerda no país. 

O diretor que mais explorou o subgênero em seus filmes foi Damiano Damiani, com filmes como “Confissões de um Comissário de Polícia" e “Pizza Connection” - este lhe rendeu um Urso de Ouro do Festival de Berlim em 1985. 

Além dele, Elio Petri também se debruçou sobre o cinema político e policial, sendo “Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” o principal expoente do poliziotteschi. A trama traz os abusos de autoridade da polícia italiana, que ainda guardavam certas características e comportamentos dos governos fascistas da Itália.

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A estética marcante e o terror dos giallos 

Outro subgênero que merece destaque quando falamos em filmes italianos é o giallo, nome derivado das capas amarelas (giallo, em italiano) dos livros de suspense que fizeram sucesso no país. Surgido entre os anos 1960 e 1970, o giallo combina elementos do terror, thriller psicológico e assassinatos misteriosos, sempre com uma estética visual muito particular.

Os filmes italianos desse estilo são conhecidos por cenas violentas estilizadas, trilhas sonoras intensas, uso criativo da iluminação e personagens marcantes. Entre os principais nomes do giallo está Dario Argento, com clássicos como “Suspiria” e “Tenebre”. Contudo, Argento teve seu início como assistente de direção de Mario Bava, o precursor do subgênero, com títulos como “Seis Mulheres para o Assassino”.

A influência do giallo vai muito além da Itália, sendo fonte de inspiração direta para cineastas como Quentin Tarantino e Brian De Palma. A mistura de suspense, beleza visual e mistério deixou uma marca profunda na história do cinema mundial. Tanto que, recentemente, “Suspiria” ganhou um remake dirigido por um dos principais diretores contemporâneos da Itália, Luca Guadagnino.

O cinema italiano contemporâneo: tradição e inovação

Atualmente, o cinema italiano continua relevante, mantendo seu estilo autoral e ao mesmo tempo dialogando com temas universais. Uma das produções italianas mais comentadas nos últimos anos foi justamente dirigida por Guadagnino, “Me Chame Pelo Seu Nome”. Ele foi indicado ao Oscar em várias categorias, vencendo a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado.

Outros nomes que mantêm viva a chama dos filmes italianos são Matteo Garrone (Dogman, Gomorra), Paolo Sorrentino (A Grande Beleza, A Juventude) e Alice Rohrwacher (Lazzaro Felice), todos responsáveis por produções aclamadas em festivais como Cannes e Veneza.

As produções contemporâneas italianas abordam desde dramas familiares até questões sociais profundas, mantendo a tradição reflexiva do cinema do país. O uso de novas tecnologias, roteiros sofisticados e um olhar sensível para as transformações da sociedade tornam os filmes italianos atuais uma ponte entre passado e futuro do cinema europeu.

Dos tempos do neorrealismo à sofisticação do cinema moderno, os filmes italianos sempre se destacaram pela originalidade, pela estética apurada e pelo olhar crítico sobre a sociedade.