Grostoli: como fazer essa receita tradicional da Serra Gaúcha?

Se você já visitou a Serra Gaúcha, especialmente durante as festas típicas ou uma visita a uma casa de nonna italiana, é bem provável que tenha experimentado o grostoli. Crocante, leve e polvilhado com açúcar, o grostoli faz parte da memória afetiva de muitas famílias e continua sendo um símbolo da rica gastronomia ítalo-gaúcha. Trata-se de uma das receitas mais tradicionais e afetivas herdadas pelos imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul há 150 anos.

Te convidamos a descobrir um pouco da história do grostoli, e, claro, te ensinamos como preparar essa delícia em casa. Afinal, nada melhor do que provar da gastronomia dos imigrantes italianos neste ano em que comemoramos os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul.

A história do grostoli

O grostoli, também conhecido em outras regiões como “cueca virada”, “orelha de gato” ou “cavaquinho”, tem origem europeia. Na Itália, a receita é chamada de chiacchiere, frappe ou crostoli, dependendo da região. Era um doce preparado especialmente durante o Carnaval, quando as famílias faziam quitutes para celebrar a época de festas.

Quando os imigrantes italianos chegaram ao sul do Brasil, no final do século XIX, trouxeram com eles não apenas seus sonhos e esperanças, mas também suas receitas. O grostoli logo se adaptou aos ingredientes disponíveis e ao paladar local, tornando-se parte fundamental da culinária típica da Serra Gaúcha.

Em cidades como Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha e Garibaldi, o grostoli é presença obrigatória em festas, feiras de agricultura familiar e eventos religiosos. Em Garibaldi, é inclusive comemorado o “Festival do Grostoli”, que no último ano atraiu mais de 800 mil pessoas.

Mais do que uma sobremesa, o grostoli representa a herança cultural de um povo que ajudou a construir a identidade da região.

Receita de grostoli tradicional da Serra Gaúcha

Agora que você já conhece a origem desse doce tão especial, que tal aprender a fazer grostoli em casa? Abaixo, compartilhamos uma receita simples e deliciosa, típica das famílias da Serra Gaúcha.

Ingredientes:

3 ovos;

1 xícara de nata;

1 xícara de açúcar;

½ xícara de leite;

1 colher de chá de fermento em pó;

1 pitada de sal;

2 xícaras de farinha de trigo;

Óleo para fritar;

Açúcar e canela para polvilhar.

Modo de preparo:

Em uma tigela grande, misture bem todos os ingredientes.

Aos poucos, adicione a farinha de trigo até formar uma massa lisa, firme e que não grude nas mãos.

Divida a massa em porções e abra com um rolo até ficar bem fina.

Corte em tiras de aproximadamente 2 cm de largura por 10 cm de comprimento. Você pode fazer um pequeno corte no meio de cada tira e passar uma das pontas por dentro, dando o formato tradicional do grostoli.

Frite em óleo quente até dourar dos dois lados. Escorra em papel-toalha.

Passe no açúcar com canela e sirva.

Essa receita rende cerca de 25 a 30 unidades, dependendo do tamanho dos grostolis. É perfeita para servir com café passado na hora, especialmente nas tardes frias da Serra Gaúcha.

Gastronomia e tradição: 150 anos de imigração italiana no RS

Em 2025, o Rio Grande do Sul celebra 150 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos ao estado. A data marca um momento especial de reconhecimento da influência italiana na cultura, economia, arquitetura, religiosidade e, claro, na gastronomia regional.

A comida, nesse contexto, é muito mais do que sustento. Ela carrega histórias, tradições e afeto. Quando uma família prepara grostoli em casa, está revivendo uma prática que atravessou o oceano junto com seus antepassados. Está reafirmando laços de pertencimento e gratidão.

Na Serra Gaúcha, a culinária se tornou um elo forte entre gerações. Receitas como o grostoli são transmitidas oralmente ou escritas em cadernos antigos, muitas vezes guardados como relíquias de família. E mesmo com o passar do tempo, essas delícias continuam encantando paladares de todas as idades.

Na família Zinani, a receita do grostoli não só é feita por três gerações familiares, como também, é parte do café que integra o tour no Museu Zinani. Organizado por Ivete Zinani, que faz por conta própria o grostoli para os visitantes, o museu guarda a história dos antepassados, com itens que vieram junto com os imigrantes. A casa tem mais de cem anos e carrega histórias únicas que são compartilhadas com quem visita o espaço.

Confira o vídeo e saiba mais sobre o Museu Zinani e a importância do grostoli para a família:

O grostoli é muito mais do que um doce frito com açúcar e canela. É um pedaço da história da Serra Gaúcha, uma herança que celebra os valores e a identidade dos descendentes de imigrantes italianos no Brasil. Em tempos em que o resgate cultural é cada vez mais valorizado, preparar uma receita como essa é um ato de amor e memória.